quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Quem é Exu na Quimbanda?

Em sua origem africana, Exu é o interlocutor entre os homens e os deuses, conhecedor da linguagem dos dois mundos, vai ao sagrado levar o chamado dos seus filhos que se encontram no mundo profano. Se os homens necessitam do auxílio dos Orixás, Exu é este mensageiro encarregado da comunicação entre a África sagrada e o Brasil profano.

Os espíritos cultuados na Quimbanda são ancestrais que tiveram ligação com o culto, em sua maioria pertencente a grupos familiares do século XIX e início do século XX, tendo, muitas vezes, travado relações de sangue com as culturas nativas como os brancos europeus que se relacionavam com negras ou índias. Estes passaram a ser chamados de Exu - um equívoco linguístico certamente, visto que Exu é a divindade Nagô. E foi por causa do seu arquétipo que acabou sendo relacionado às nossas entidades, “emprestado”, por assim dizer, o seu nome, pela característica de ser irreverente e debochado, que desafiava a ordem e os dogmas da igreja. A verdadeira denominação que deveríamos utilizar para os espíritos cultuados seria "Kimbandas", pois assim eram conhecidos os chefes-feiticeiros das tribos tanto na África Bantu quanto no Brasil escravocrata. Estes se fizeram notar pelos trabalhos de magia, transes e pela capacidade de curar através de elementos naturais, que em suas mão adquiriam caráter magístico.

A ancestralidade é a chave para compreendermos o universo religioso e popular que se desenvolveu no Brasil, e é preciso voltar ao passado e compreender a miscigenação das raças e culturas que formaram nossa sociedade. Observando por esse ângulo fica mais fácil perceber que as nossas entidades não estão necessariamente vinculadas à mecanismos de evolução kármica, mas sim a algo bem mais óbvio – a relação ancestral.

A Quimbanda tem bases diferentes do espiritismo umbandista ou kardecista; na teologia quimbandeira não existe a evolução dos espíritos no sentido de passagens de graus ou de dimensões e os exus são tidos como ancestrais não apenas por terem vivido antes de nós, mas por serem, realmente, ligados ou à ascendência do médium ou à ascendência do culto/casa em que o mesmo é iniciado.

Trechos do texto extraídos e/ou adaptados de:
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...